terça-feira, 4 de outubro de 2011

Sport, sport...

Sexto sentido. Premonição. Instinto.

Devagar, um sentimento de pura tristeza se instalou dentro de você, quase silencioso e ao olhar ao redor, ao ouvir músicas cantadas com tanta esperança, uma voz gritou na sua cabeça: não dessa vez. Não hoje.
Não com 3x1 de um time na zona de rebaixamento, dentro de casa, precisando vencer.

A matemática era simples, a situação o oposto disso. Uma simples vitória nos deixaria dentro do G4, ou a poucos pontos dele. Nos deixaria vivos. Na briga. Mas foi sem briga, sem raça, sem futebol, que aquele sexto sentido/premonição/instinto se provou verdade. Que sua tristeza se tornou a dos outros.

Ao seu redor, metade vaiava, metade incentivava e você encarava o campo e aqueles irreconhecíveis 11 jogadores, incrédula. Sem conseguir vaiar ou incentivar. Sem conseguir sentir nada além de uma imensa vontade de simplesmente chorar. Seguida por uma vontade imensa de se odiar por deixar que algo tão... tão o quê? ... como futebol te abalar tanto assim. Só para descobrir, por fim, que isso é você: emocional e patética ou emocionalmente patética, como queira.

Mas então seu time ia pra frente, não necessariamente (não definitivamente) para o gol, mas pra frente, e os que incentivavam venciam no grito, e venciam no seu coração. Ao fim de um primeiro tempo ridículo, você se vê levantando, fazendo a única coisa que parecia certa, mesmo absolutamente errada, de fazer: você aplaudiu. E lá dentro, aquela esperança por um milagre um segundo tempo melhor se alojou ali, bem ao lado daquela tristeza inicial. E no meio de brigas nunca antes presenciadas, você respirou fundo e esperou. Com fé, com o choro atravessado na garganta, com o grito de gol ali, na ponta da língua.

Você esperou e se decepcionou.

De novo.

Pelo terceiro ano consecutivo.

E a música de sempre continua em loop na sua cabeça: "É só isso, não tem mais jeito. Acabou. Boa sorte. Não tenho o que dizer, são só palavras, e o que eu sinto, não mudará".

domingo, 24 de abril de 2011

Uma batalha em duas partes.

É sempre a mesma coisa.

A saída de casa horas antes do jogo.
O caminho todo com um milhão de palavras em sua cabeça que supostamente vão fazer parte de um post depois (raramente fazem).
A subida na ponte, a bandeira tremulando ali não tão longe. Esperando. Torcendo. E que nunca falha em fazer seu estômago girar mais uma vez.
A entrada antecipada no estádio, praticamente vazio e internamente, você se delicia com a possibilidade de apenas sentar ali, observando calmamente enquanto tudo ao seu redor rapidamente muda. Rapidamente enche.
A sua cadeira é a mesma.
Seus companheiros de jogo são os mesmos.
O grito de guerra é o mesmo. O mais bonito. O mais alto. O mais apaixonadamente cantado.
O nervosismo é tão desesperador quanto da última vez que você o sentiu (foi quando mesmo?).
A vontade de ganhar o clássico dos clássicos é antiga. Imutável. Interminável.
O hexa significa o mesmo em todas línguas: 6 vezes campeão consecutivas.
Mas não em Pernambuco.

Em Pernambuco, o hexa é uma história à parte.
Uma batalha à parte.
Uma dividida em 2 partes.

Tão batalha que houve até sangue. Houve até briga. Houve até saque.
E houve guerreiros.
Guerreiros que vestiam vermelho e preto. Guerreiros que corriam naquele campo de guerra localizado na Ilha do Retiro, nº 22 mil.
22 mil torcedores. 22 mil vozes. 22 mil corações batendo como um.
22 mil pulando e gritando 'GOL'.
Três vezes.

É sempre a mesma coisa.

A bola entra no gol.
A torcida explode.
Líquido voa (e você torce para que não caia em você, nem que seja a cerveja que o vizinho de trás sempre carrega escondido).

É sempre a mesma coisa.

Você sente vontade de chorar, e quase o faz ao olhar ao redor e ver homens com lágrimas nos olhos.
Você sente vontade de zombar com todos os que não acreditavam no seu time, mas limita-se a fazer um post sem muito sentido ao invés disso.
Você sente vontade de gritar campeão, mas sabe que nada está definido.

Em Pernambuco, hexa é luxo.
CAZÁ, CAZÁ, CAZÁ é hino.
E Sport é religião.